Perfil Molecule: Johanna Cohen
Johanna Cohen garante que Dreams e todo o conteúdo produzido pela Media Molecule seja traduzido e esteja disponível em 13 idiomas diferentes. Antes de você perguntar (porque a gente já perguntou), ela não consegue falar todos eles, mas ajuda a juntar um grupo de tradutores destemidos que garantem a tradução e localização do conteúdo da Mm. Aqui nós conversamos com ela sobre De Volta para o Futuro, desafios de localização e apreço pelo InfiniDreams.
Oi, Johanna! O que você faz aqui na Media Molecule?
Sou produtora assistente de localização da Media Molecule. Só há três de nós, então somos uma equipe unida. Temos a Luci, que revisa o texto em inglês; Gui, que gerencia a tradução; e eu, que tomo conta do controle de qualidade da localização com nossa equipe externa. Meu papel inclui certificar que a equipe externa tenha tudo que precisa para testar nosso conteúdo e sinalizar quaisquer problemas. Nossos tradutores não têm acesso a todas as ferramentas e equipamento que usamos para criar o conteúdo, então muitas vezes não têm muito contexto do que estão trabalhando. Então é importante ter uma equipe que também possa fornecer contexto e traduções naturais em todos os 13 idiomas disponíveis.
E desses 13 idiomas, quantos você fala de verdade?
Eu diria uns dois e meio. Sou francesa, então obviamente falo francês, o que às vezes me faz pensar que fico na cola dos testers de localização franceses ainda mais do que dos outros. Se eles cometerem algum erro, eu com certeza vou saber! Mas também falo inglês e um pouco de espanhol, já que estudei por um bom tempo. Mas já que não falo regularmente, não quero que pareça que sou fluente ou algo do gênero. Apesar de ser um pouco mais fácil de trabalhar em traduções ou encontrar algo que passou despercebido quando você sabe um pouco do idioma.
Você se interessava por idiomas na escola?
Acho que passei a me interessar porque inglês era a matéria da escola em que mais me dava bem. Eu assistia a vários programas de TV americanos e, apesar de admirar o trabalho feito nas dublagens (a principal maneira de tradução de mídia e conteúdo na França), eu sempre tive mais interesse em ver o conteúdo no idioma original, porque se perde um pouco do impacto da performance ao fazer uma dublagem. Sempre tentava ao máximo explorar mídias, ler e jogar em inglês, tudo isso. Então foi por isso que fui bem na matéria durante a escola. Então estudei localização na universidade, tive a oportunidade de intercâmbio por um ano no Erasmus em Guildford e nunca mais voltei.
E o que te fez querer trabalhar com localização de jogos, especificamente?
Sempre adorei jogos, mas meu irmão foi a pessoa que me fez gostar mesmo deles. Nosso primeiro console foi um Super Nintendo, mas o que mais gosto é o PlayStation original, e é daí que vem o meu amor por jogos. Após a minha graduação, fiz um mestrado em tradução audiovisual, especificamente em descrição de áudio, closed captions para pessoas surdas e tradução do francês para o inglês e inglês para o francês. Foi quase por sorte que caí na indústria de jogos.
Havia uma vaga de emprego de controle de qualidade de francês na Sega, eu me candidatei, ganhei a vaga e imediatamente me apaixonei pelo trabalho em jogos. Era um sonho ir ao escritório e me entregarem um console. Comecei jogando e procurando por problemas de tradução ou textos cortados, depois comecei um trabalho na 2K Games e trabalhei lá por cinco anos. Não precisei pensar duas vezes para trabalhar com jogos e fazer parte dessa indústria reanimou o meu amor por eles. Eu tenho jogado mais e mais a cada dia.
Como é a localização no dia a dia? Em que tipo de coisa você trabalha?
Temos bastante sorte, pois temos a chance de trabalhar em praticamente tudo que a Media Molecule está fazendo, o que é bem interessante. É uma maneira sem igual de trabalhar com a equipe, porque várias pessoas são separadas em equipes ou projetos em que precisam trabalhar, mas eu, Gui e Luci supervisionamos tudo. Nós priorizamos as coisas de acordo com prazos e requisitos concorrentes regularmente. Mas no dia a dia nós recebemos pedidos de alguma equipe falando que um texto está pronto para a revisão da Luci, então quando a etapa dela termina, continuamos com o processo de localização.
O meu sinal para começar o trabalho é dado pelo Gui, falando que mandou tudo para a tradução, então eu posso ver qual é o conteúdo antes de avisar nossa equipe de controle de qualidade de localização externa. Eu vejo qual é o conteúdo e o jogo, tentando encontrar todo o texto que precisa ser visto, então posso fazer um plano de teste dele para que seja fácil para os testers marcarem o que viram e traduziram. Eu me certifico de reunir todo o material que precisam para entender o que está havendo, então quando as traduções voltam, comunico à liderança das equipes externas para garantir que saibam o que estão fazendo. Eu passo todo o material que reuni e espero que me mandem alguma pergunta. Ao longo do dia sempre há muitas perguntas chegando até mim.
É difícil trabalhar com tanta gente ao redor do mundo?
Sim. Já que há uma equipe interna e externa, e nós adoraríamos ter um contato diário mais pessoal com todos. Mas como só tem eu e o Gui trabalhando com eles, é complicado conversar com todos. Então temos que confiar nas lideranças para nos ajudar a enviar as informações aos testers da maneira mais precisa possível. Mas sempre que posso, adoro conversar e responder perguntas um a um. Já que eu tenho acesso a tudo que eles precisam, todos os desenvolvedores e pessoas incríveis criando conteúdo. É melhor se a gente tiver contato pessoal, mas infelizmente nem sempre é possível.
Ao fazer uma localização, você encoraja as equipes a tentar traduzir tudo de maneira mais precisa possível ou de maneira mais interessante para o público dos países diferentes?
O que realmente queremos é que os tradutores sejam o mais criativos possível. A minha noção de uma tradução boa é uma que você não sabe que o texto foi escrito em outro idioma. Você só lê e não pensa no idioma fonte por trás. Acho que é muito importante para a gente comunicar aos tradutores e testers o tom único da Mm. Então encorajamos que não fiquem apenas seguindo palavra por palavra do inglês, desde que o sentido geral seja preservado. Isso é uma boa tradução.
É claro que não queremos que eles reescrevam tudo e o jogo pareça algo completamente diferente, mas queremos que soe divertido e natural em cada idioma. Então, por exemplo, uma expressão como "raining cats and dogs" não deve ficar tipo "chovendo canivetes" se não fizer sentido no idioma da tradução. Então encorajamos a tentativa de serem engraçados em seu próprio idioma e adicionarem trocadilhos e cultura nelas.
Qual é o tipo de coisa mais interessante que você supervisiona?
Eu adoro trabalhar com eventos em jogos. É sempre complicado, porque não temos muito tempo para enviar essas coisas, mas adoro trabalhar com eles porque é um desafio para mim, e posso criar planos de testes complexos, descobrindo qual é a melhor maneira dos testers passarem por tudo de maneira eficiente com o tempo que temos. E também é uma ótima maneira de mostrar os talentos que temos. Pensando em Sonhos Assustadores: A Terra dos Sonhos Perdidos como exemplo, é um prazer trabalhar dia a dia neste tipo de conteúdo. Trabalhar com conteúdo da CoMmunidade também é algo que gosto muito, apesar da gente não localizar o conteúdo de jogadores, mas ver o que a CoMmunidade consegue fazer me faz ser grata por trabalhar aqui todos os dias.
Você mencionou que trabalhou na Sega e na 2K também. Em que tipo de coisa você trabalhou lá? Era diferente da Mm?
Eu só trabalhei com publicadoras antes, então trabalhar em um estúdio de desenvolvimento como a Mm é um sonho, sendo bem sincera. Mesmo me divertindo muito trabalhando com a Sega e a 2K, eles têm processos bem estabelecidos, e a principal diferença é que publicadoras trabalham com vários estúdios diferentes. Assim você não tem uma relação muito pessoal com os desenvolvedores. Você perde as discussões com os desenvolvedores e todo o pessoal envolvido na pré-produção de conteúdo. Essa deve ser a maior diferença de trabalhar no estúdio da Mm.
A melhor coisa sobre trabalhar com a Mm é que você pode ver todo o talento e criatividade bem na sua frente. É bem inspirador presenciar toda a criatividade, e é legal estar envolvida com um projeto desde o início, porque podemos falar para todos sobre os aspectos de design que podem pensar para que as coisas funcionem em todas as culturas e idiomas com que trabalhamos. Trabalhar para publicadoras era diferente, pois era eu quem testava e jogava em francês, então era muito divertido. Mas sempre quis trabalhar com estúdios.
Você tem conselhos ou dicas para alguém que queira trabalhar com localização?
O que aprendi é que contanto que você tenha uma paixão por jogos, queira você trabalhar com localização ou desenvolvimento, você consegue fazer isso acontecer. Evidentemente ter qualificações ajuda, mas não importa muito quantas graduações eu tinha no meu currículo. Eles estavam procurando por paixão. Quando participei da entrevista de emprego da 2K, eu fui muito mal no teste que pediram pra eu fazer. Eles me falaram após a entrevista. Mas eles sentiram que eu tinha paixão por localização e que era qualificada nas outras áreas, então decidiram me dar uma chance. Então acho que contanto que você consiga mostrar que tem paixão pelo seu trabalho, você consegue fazer acontecer.
A equipe da Mm parece ter muita coisa interessante em suas mesas. O que tem na sua mesa neste momento?
Não tenho nada demais, mas tenho um Pop do Marty McFly. Eu adoro ficção científica, e De Volta para o Futuro é minha franquia favorita. Eu tenho esse Pop faz anos. Ele veio para quase todos os lugares que trabalhei. Estava na minha mesa no trabalho, mas já que o estúdio está sendo remodelado, agora está em casa. Eu também adoro Animal Crossing, então tenho um Amiibo do KK Slider. E tenho esse copo imenso de café. Eu amo café e não consigo viver sem. Eu preciso dele para trabalhar.
Para terminar, quais são os seus Sonhos favoritos? Você tem alguma recomendação?
Bem, eu gostaria de falar do quanto InfiniDreams é incrível. Eles já sabem disso, mas eu amo InfiniDreams (liderado por ChevalierBore e Elfiooh). Eles são uma equipe incrível e são muito bons no que fazem. Fizemos uma transmissão em francês com eles, e eles criaram o Jam da CoMmunidade, Bon Appétit. Eles ficaram felizes em participar da transmissão conosco, e isso foi incrível. Pedimos para que eles criassem um tema para o Jam da CoMmunidade, e eles fizeram uma apresentação no PowerPoint extremamente profissional, o que mostrou o quanto eles levaram a tarefa a sério.
Então entre várias opções que nos apresentaram, nós escolhemos Bon Appétit, que era uma das melhores ideias de Jam da CoMmunidade que tivemos há um bom tempo. Tinha tanta opção incrível, mas minha favorita (que foi a vencedora) se chamava Quartier de Misu de Fr0d0_FragginsS79. Você andava por uma rua parisiense e é lindo. É muito impressionante. Mas eu diria que outra coisa que gosto muito em InfiniDreams é de Speed Creates.
Tinha uma impressionante que me lembro, chamada Il était une fois... A criação me fez rir tanto, o que sonhos geralmente não fazem, e é por isso que acho fantástico. Eles criaram às cegas vários elementos e juntaram para contar de novo o conto de fadas da Chapeuzinho Vermelho. Eu recomendo a todos assistirem, porque é muito engraçado. A narração é ótima, e há uma reviravolta brilhante no final que me fez cair no chão de tanto rir. Quando você descobre algo assim, lembra a você que Dreams pode criar experiências incríveis.
O Guia do Usuário do Dreams é um trabalho em andamento. Vamos adicionar mais recursos de aprendizado e artigos com o tempo, então, fique de olho nas atualizações.